Paulo Silber
Uma notinha na coluna de Lauro Jardim, na manhã desta quinta-feira, azedou o café do governador Helder Barbalho: a banda inglesa Coldplay não vem mais para a COP 30, em Belém. Em pouco mais de duas horas após a nota ser publicada pelo colunista d’O Globo, os principais portais do Brasil confirmavam a notícia.
Não demorou muito, o portal Diário On Line, que pertence à família do governador, também repercutiu a informação, mas soprou a ferida para amenizar a dor dos fãs: “Coldplay cancela turnê no Brasil; Chris Martin virá ao Global Citizen em Belém”, estampou o DOL na manchete, com direito a foto de capa do grupo inglês.
A rapidez do DOL, confirmando a noticia ruim, mas amenizando-a com um fato novo, lembra um recurso do bom e velho gerenciamento de crise. Aquele em que você conta a verdade, porque é o certo e ela sempre vem à tona. Mas aproveita para mostrar que nem tudo está perdido, apresentando uma informação alvissareira e promissora. Neste caso: o Coldplay pode não vir, mas o Chris Martin virá, garante o DOL.
Afinal de contas, quem trouxe à tona a notícia do show da banda na COP 30, em primeiríssima mão, foi o próprio governador Helder, diretamente de Nova York, durante o Global Citzen, em postagem no Instagram feita em setembro de 2024. Não dá pra deixar os adversários na cara do gol com a narrativa de que Helder é afobado ou mentiroso.
É claro que o governador tinha informação segura sobre a intenção da banda inglesa de se apresentar em Belém. Ele não seria leso de inventar uma agenda dessas. Infelizmente, os planos da banda mudaram. Tanto é que toda a turnê prevista foi cancelada, não apenas a apresentação na capital da COP 30.
Helder poderia fazer como o Visconde de Valmont, vivido por John Malkovich, numa cena do clássico “Ligações perigosas”. Aquela em que ele lavou as mãos diante dos resultados cruéis do jogo de sedução que destruiu a vida de Madame de Tourvel, a eternamente bela Michelle Pfeiffer. Vocês lembram? Valmont apenas repetia: “It’s beyond my control”.
O governador do Pará não tem controle sobre a agenda do Coldplay, é claro, mas em vez de apenas lavar as mãos - “It’s beyond my control” -, ele colocou o time em campo para trazer o vocalista e maior estrela do grupo para o grande evento de novembro. Até lá, dá tempo de sobra para convencer o artista, ativista e filantropo Chris Martins a brilhar no palco da COP, em novembro. Em Belém, sob os olhares de todo o mundo.