Depois dos 50 anos, as marcas do tempo são implacáveis. Com exceção das Alessandras Negrinis da vida, deusas que parecem ter um pacto diabólico com a beleza, ao desafiarem a passagem dos anos. Um dia você acorda, se olha no espelho e pá! Lá está mais uma ruga no rosto.
Mas para uma mulher vaidosa e sem a terapia em dia, não há espelho mais revelador do que passar a ouvir, todos os dias, toda hora, o indefectível “senhora”! Pior ainda é passar a ser chamada de senhora pelo vovô gordinho e calvo da esquina.
Não, não se trata de respeito. Desconfio, até, que seja algo cultural. Quase uma epidemia verbal. Acho que o paraense tem mania de chamar qualquer mulher, que não seja mais uma ninfeta, de senhora. Algo meio servil. E irritante.
No sudeste, o “senhora” não é repetido à exaustão como aqui. O “você” é o tratamento cordial, usual e preciso. Simples. Elegante. Nem precisa me chamar de “moça”, como os mineiros, pelos quais tenho encanto, costumam fazer.
Fica aqui um pedido, quase uma súplica: na dúvida, chame as mulheres de “você”. Se alguma mulher achar que é assédio, peça desculpa e pronto. O “senhora” não precisa ser abolido, apenas economizado. Por menos “senhoras”, e mais respeito, genuíno, às dores e delícias de ser uma mulher madura. Perdão pelo desabafo, senhores.